quinta-feira, 25 de março de 2010

Artrite: causas e tratamento

O termo artrite significa “inflamação nas juntas”, pode ocorrer em uma ou várias articulações, sendo caracterizada por dor, edema e vermelhidão na articulação acometida.

A artrite é uma das mais comuns manifestações das doenças reumatológicas, sendo descritas mais de 100 doenças que podem causá-la. Pode acometer crianças, adultos e idosos nas suas mais diferentes formas com evolução, de acordo com a patologia causadora, em aguda ou crônica.

· Causas

Das inúmeras causas de artrites podemos citar as formas agudas como as artrites virais, infecciosas e traumáticas e as crônicas normalmente relacionadas a alterações do sistema imunológico, principalmente as doenças reumatológicas.

A osteoartrite (“artrose”), uma das mais frequentes, acomete geralmente os joelhos, colunas, quadris e as mãos causando um desgaste destas articulações. Ocorre com maior frequência nos idosos, podendo acometer também pessoas mais jovens.

A mais conhecida causa de artrite, sem dúvida alguma, é a artrite reumatóide que atinge cerca de 1% da população mundial, com maior frequência as mulheres. Acomete preferencialmente as articulações das mãos, punhos, joelhos e pés existindo desde formas mais leves a agressivas da doença sendo necessário diagnóstico e tratamento precoces para prevenção de deformidades.

Em crianças, a artrite reumatóide juvenil é a forma mais comum; podendo atingir desde a infância até a adolescência com sintomas um pouco diferentes da artrite reumatóide do adulto. Não se conhecem suas causas, mas acredita-se que exista uma transmissão genética “familiar” da doença.

A gota ocorre com maior frequência em homens sendo ocasionada devido ao aumento do ácido úrico no sangue, levando ao acúmulo desta substância nos tecidos, particularmente nas articulações, desencadeando a “artrite gotosa”.

Das doenças do sistema imunológico, o lúpus eritematoso sistêmico é a mais clássica devido à diversidade de sintomas e órgãos do corpo que podem ser acometidos. Afeta com maior freqüência as mulheres jovens em idade fértil. Normalmente a artrite do lúpus é discreta com menos dor, limitação e deformidade nas articulações acometidas.

Dentre outras causas podemos citar a espondilite aquilosante, artrite reativa, artrite relacionada à psoríase e síndrome de Sjogren.

. Tratamento

O tratamento da artrite depende da causa desencadeante. Deve ser individualizado para cada paciente podendo ser prescritos medicamentos antiinflamatórios e analgésicos, e em alguns casos: corticosteróides, compostos imunossupressores (por exemplo, azatioprina, metotrexato, leflunomide, cloroquina e sulfassalazina) e medicações biológicas, os chamados biológicos: Remicade®, Humira®, Enbrel®, Mabthera®,Orencia® e recentemente, Actemra®.

Em alguns casos podem ser necessárias intervenções não-farmacológicas, como fisioterapia, redução de peso, terapias na água e exercícios físicos supervisionados.

O objetivo do tratamento da artrite consiste em reduzir a dor e inflamação da articulação (“junta”) acometida, melhorando a função da mesma.

O tratamento da artrite, devido as suas inúmeras causas desde doenças locais da articulação a doenças sistêmicas, deve ser individualizado. Daí a importância do seu diagnóstico e tratamento ser realizado por um profissional especializado, na maior parte dos casos o reumatologista.

Referências bibliográficas:

1. Smolen JS, Aletaha D, Koeller M, et al. New therapies for treatment of rheumatoid arthritis. Lancet. Dec 1 2007;370(9602):1861-74.
2. Cooper GS, Dooley MA, Treadwell EL, et al. Hormonal, environmental, and infectious risk factors for developing systemic lupus erythematosus. Arthritis Rheum. Oct 1998;41(10):1714-24.
3. Rahman A, Isenberg DA. Systemic lupus erythematosus. N Engl J Med. Feb 28 2008;358(9):929-39.

4. Helmick CG, Felson DT, Lawrence RC, Gabriel S, Hirsch R, Kwoh CK, et al. Estimates of the prevalence of arthritis and other rheumatic conditions in the United States. Part I. Arthritis Rheum. Jan 2008;58(1):15-25.

5. Felson DT, Zhang Y, Anthony JM, et al. Weight loss reduces the risk for symptomatic knee osteoarthritis in women. The Framingham Study. Ann Intern Med. Apr 1 1992;116(7):535-9.

6. [Best Evidence] Chaipinyo K, Karoonsupcharoen O. No difference between home-based strength training and home-based balance training on pain in patients with knee osteoarthritis: a randomised trial. Aust J Physiother. 2009;55(1):25-30.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O que é espondilite anquilosante?

A espondilite anquilosante é um tipo de reumatismo que acomete a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas causando uma inflamação crônica que, quando não identificada e tratada precocemente, pode levar a deformidades e seqüelas articulares crônicas, acarretando um “congelamento” da coluna vertebral, que em casos graves e avançados evolui para a fusão das vértebras, conhecido como “coluna em bambu”.

Ocorre com maior frequência no sexo masculino, numa proporção de 4-5 homens afetados para uma mulher com a doença.

As causas da espondilite anquilosante ainda não são conhecidas, acredita-se que se relaciona com fatores hereditários, pela existência de um marcador genético, o HLA-B27 presente na maioria dos pacientes com espondilite anquilosante.

Sintomas

O início dos sintomas ocorre geralmente no final da adolescência e início da idade adulta normalmente com uma história de dor nas costas, sendo difícil seu diagnóstico nesta fase da doença.

O sintoma mais comum é a dor nas costas, na região lombar e glútea, geralmente de início lento perdurando de meses a anos, acompanhado de rigidez matinal, melhorando com exercícios e piorando com o repouso e durante o sono.

A principal articulação acometida é a sacroilíaca, localizada na região sacral, no final da região lombar. Além das sacroilíacas e coluna, outras articulações, órgãos e tecidos podem ser acometidos pela doença:
 Quadril
 Ombros
 Joelhos
 Olhos (uveítes)
 Intestinos (doenças inflamatórias intestinais)

Diagnóstico

A espondilite anquilosante faz parte de um grupo de doenças conhecidas como espondiloartropatias, onde estão incluídas a Síndrome de Reiter, alguns casos de Artrite Psoriásica, e a Doença Inflamatória Intestinal (Chron, Retocolite Ulcerativa, etc.).
O diagnóstico da doença é baseado na história clínica obtida pelo médico, nos exames de imagem (“raio x” das sacroilíacas e coluna, tomografia computadorizada e em alguns casos pela ressonância nuclear magnética).

Devido à ausência de exames laboratoriais específicos para o diagnóstico e as alterações radiológicas serem tardias, o diagnóstico da espondilite anquilosante é retardado na sua fase inicial atrasando o início do tratamento da doença.

Tratamento

É fundamental o diagnóstico precoce para prevenir as sequelas articulares, e por ser uma doença crônica não há cura para a espondilite anquilosante, sendo importante a conscientização do paciente para aderência e seguimento ao tratamento proposto. O objetivo do tratamento consiste no alívio dos sintomas e a melhora da mobilidade da coluna prevenindo o “endurecimento da coluna” permitindo ao paciente uma qualidade de vida satisfatória.

O tratamento medicamentoso engloba o uso de medicamentos como antiinflamatórios, analgésicos e corticóides; além da sulfassalazina e metotrexato como drogas modificadoras da doença.

Alguns medicamentos mais recentes, desenvolvidos através de tecnologias baseadas na biologia molecular, trazem novas possibilidades terapêuticas para os casos que não apresentaram controle da doença com as drogas citadas anteriormente, são os chamados biológicos: Remicade®, Humira® e Enbrel®.

O pilar do tratamento da espondilite anquilosante consiste na reabilitação intensiva, através da fisioterapia, exercícios para a coluna (RPG), atividades físicas na água (hidroterapia, natação) sendo recomendado um programa regular de exercícios sempre supervisionado por um profissional capacitado.

Prognóstico

A espondilite anquilosante, assim como as espondiloartropatias, são doenças crônicas em que grande parte dos pacientes evoluem com dor lombar crônica e em alguns casos incapacitante. Desse modo, o paciente deve participar ativamente de seu tratamento para que seja atingido um sucesso terapêutico, prevenindo as sequelas e incapacidades da doença, melhorando a sua qualidade de vida.

O acompanhamento dos pacientes deve ser feito por profissionais especializados, o reumatologista, juntamente com o ortopedista, fisiatras e fisioterapeutas.


Referências bibliográficas:

1. Peh WC. Cervical spine ankylosing spondylitis. Am J Orthop. Jun 2004;33(6):310.
2. Wu Z, Lin Z, Wei Q, Gu J. Clinical features of ankylosing spondylitis may correlate with HLA-B27 polymorphism. Rheumatol Int. Feb 2009;29(4):389-92.
3. van der Heijde D, Landewé R, Baraliakos X, Houben H, van Tubergen A, Williamson P, et al. Radiographic findings following two years of infliximab therapy in patients with ankylosing spondylitis. Arthritis Rheum. Oct 2008;58(10):3063-70.
4. Jee WH, McCauley TR, Lee SH, et al. Sacroiliitis in patients with ankylosing spondylitis: association of MR findings with disease activity. Magn Reson Imaging. Feb 2004;22(2):245-50.
5. Vinson EN, Major NM. MR imaging of ankylosing spondylitis. Semin Musculoskelet Radiol. Jun 2003;7(2):103-13.